Na quinta-feira, ela deixou a cadeia depois de 16 dias presa. No escritório de sua advogada, ela se defendeu: disse que a relação com Paulo Roberto era boa, que foi ele que pediu para ir ao banco e que não percebeu a morte dele. 'Eu não sou esse monstro'.
Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, é a sobrinha de Paulo Roberto Braga, que morreu aos 68 anos. Ela foi protagonista de uma imagem que o Brasil inteiro viu. No vídeo, Erika leva o tio em uma cadeira de rodas ao banco para sacar um empréstimo de 17 mil reais. Paulo Roberto estava morto.
Na quinta-feira (2), ela deixou a cadeia depois de duas semanas presa.
"Foram dias horríveis longe da minha família. Vivi momentos da minha vida que não suportava mais. Muito difícil. Foi horrível eu não percebi que meu tio estava morto. [...] Eu não sou essa pessoa que estão falando, não sou esse monstro", se emocionou.
Erika recebeu a equipe do Fantástico com exclusividade no escritório da advogada (veja no vídeo acima). "A relação [com Paulo Roberto, o tio] era ótima. Ele era independente, fazia o que queria. Ele tinha uma mente boa. Não era cadeirante e eu não era cuidadora dele", disse.
Perguntada se não achou que Paulo Roberto estava fraco demais para sair de casa, ela respondeu: "Não, porque ele me pediu para ir". E relatou que tudo correu bem dentro do carro no trajeto até o banco.
Erika descreve o diálogo que teve com Paulo Roberto antes de entrarem na agência. Segundo ela, ainda na rua, ela perguntou ao tio se ele ficaria mais confortável caso apoiasse a cabeça dele. "Eu perguntei se assim ficaria melhor, ele disse que sim".
Sobre a sequência de acontecimentos dentro do banco, ela afirma "não conseguir lembrar de muita coisa" devido ao uso dos remédios controlados que toma com regularidade.
"Como eu faço tratamento, eu tomava zolpidem, às vezes tomava mais do que um. [O esquecimento] não sei se foi efeito do remédio que eu tinha tomado naquele dia", afirma.
A condição de saúde de Paulo Roberto
Antes de ir ao banco, Paulo roberto ficou internado por uma semana em uma unidade de saúde estadual. De acordo com Erika, ela não recebeu nenhuma orientação dos médicos após a alta.
"Me deram uma receita de um remédio de cinco dias, eu comprei o remédio e a fralda. Eu pensei que ele ia ter uma melhora, que era só uma pneumonia", conta.
O que diz a Justiça
Nesta semana, o Ministério Público denunciou Erika e afirmou que ela agiu de forma consciente, voluntária e demonstrou total desprezo e desrespeito por Paulo Roberto.
A juíza Luciana Mocco aceitou a denúncia do MP e Erika virou ré por tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver, que é o ato de menosprezar a pessoa morta.
A magistrada revogou a prisão preventiva, alegando que Erika é ré primária, tem residência fixa e que não representa risco para a ordem pública em liberdade. A juíza relatou também que Erika é portadora de saúde mental debilitada e precisa cuidar da filha menor de idade que tem necessidades especiais.
A Polícia Civil do Rio abriu outro inquérito e investiga se ela cometeu homicídio culposo - quando não há a intenção de matar.