Após ter atendimento negado no Hospital da Criança Dr. Odorico Amaral de Mattos, em São Luís, um bebê indígena de 10 meses de vida morreu ao dar entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Região Metropolitana da capital, na última segunda-feira (17). O bebê foi encaminhado da cidade de Zé Doca, a 313 km de São Luís, com um quadro de pneumonia e anemia grave.
Assim que chegou a capital, a família do bebê procurou por atendimento nas UPAs do Vinhais e Vila Luizão e, por último, na unidade do Araçagi, onde a criança acabou morrendo depois que o Hospital da Criança teria se recusado a receber o indígena, alegando falta de leito.
O corpo do bebê foi entregue a família no início da tarde desta terça. Ele era da etnia Ka´apor, território de povos tradicionais na região de Nova Olinda do Maranhão. A real causa da morte será investigada.
Registros feitos por outros pais no Hospital da Criança, no bairro Alemanha, mostram corredores cheios e muita gente a espera de atendimento, o que causa muita reclamação. Filas são registradas todos os dias na unidade. Alguns pais, inclusive, precisam procurar outros hospitais para que seus filhos sejam atendidos.
As mães chegam aqui de manhã, às vezes vão conseguir atendimento duas horas, três horas da tarde. Não tem leito para as crianças. As crianças estão aqui largadas nos corredores. A desculpa é a de que o hospital está em reforma. Se está em reforma, porquê que não alugam um prédio e coloca esse hospital para funcionar em um outro lugar? 'Tá' um caos. É um Socorrão infantil", afirma a técnica em enfermagem Sivania da Silva.
Procurada pelo JM2, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) não se manifestou sobre as denúncias no Hospital da Criança. Já a Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse que a rede conta com 71 leitos pediátricos de terapia intensiva e que o paciente foi atendido na UPA do Araçagi, onde morreu.